O documentário “Fabiana”, dirigido por Brunna Laboissiére acompanha a última viagem da caminhoneira antes de se aposentar.
O filme convida o público a embarcar na boleia do caminhão e possibilita que o espectador veja de perto o cotidiano das relações e das várias histórias vividas na estrada. Além de mostrar as dificuldades de resistir como mulher e trans em um ambiente majoritariamente machista.
A última viagem de Fabiana Camila Ferreira, mulher transexual e motorista de caminhão, tem pré-estreia no Itaú Cultural, no dia 26 de março. O filme, primeiro longa-metragem da diretora Brunna Laboissiére, conta a história dessa mulher, às vésperas de se aposentar, que escolheu a estrada como casa ao tentar sair de um meio que lhe era hostil. Após a exibição, a própria Fabiana estará presente para um bate-papo com o público, juntamente a Brunna e Priscila, namorada da protagonista à época da produção. O filme será distribuído comercialmente ainda neste ano pela Olhar Distribuição.
A complexidade de Fabiana é potencializada por uma aposta no encontro filmado, fruto da proximidade estabelecida pela protagonista com a realizadora e, consequentemente, a câmera. Ainda que grande parte do filme transcorra na boleia de um caminhão, é forte o sentimento de liberdade que deriva das histórias narradas e, principalmente, da potência da imagem de Fabiana, ao recusar estereótipos e responder com leveza aos desafios que a vida lhe reservou.
Depois de 30 anos vivendo como nômade pelas estradas brasileiras, neste documentário Fabiana realiza sua última viagem antes de encarar a aposentadoria – hoje fato concretizado – que não significa apenas parar de trabalhar, mas também fixar residência e deixar para trás as aventuras de estrada. Mesmo com todas as dificuldades, viajar sempre foi sua paixão. Na adolescência, após ter se assumido como mulher transexual, estar na estrada foi uma forma de reinventar uma nova maneira de viver.
Segundo a diretora, foi o fascínio pelas vivências de Fabiana e a admiração pela sua coragem e forma de resistir enquanto mulher, trans, em um meio predominantemente de homens e machista, que a moveu a realizar um road movie. O desejo era também de conhecer melhor a personagem que guardava muito nas entrelinhas. “Essa decisão foi confirmada quando Fabiana me disse que iria se aposentar”, fala Brunna. “Por isso, foi crucial fazer este filme em sua última viagem, momento de um fim e um princípio. No caminho, sua companheira Priscila, embarcou com a gente, trazendo mais complexidade sobre o universo delas. ”
“Vivemos em um país em que um discurso conservador vem se intensificando e insistindo em desrespeitar o direito às liberdades individuais, entre elas à liberdade de livre escolha da identidade de gênero e sexualidade”, diz. “Neste contexto de intolerância, os índices de violência contra transexuais têm crescido muito nos últimos anos, sendo o Brasil o país com maior número de assassinatos de travestis e transexuais no mundo”, fala. “Por isso a importância de um documentário como esse. Por meio da abordagem da história de uma pessoa como Fabiana, podemos desconstruir estereótipos culturalmente concebidos, adentrando à humanidade universal de um indivíduo lutando por sua própria autonomia e liberdade. ”
Sobre o Rumos Itaú Cultural
Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 64,6 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,4 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
SERVIÇO:
Pré-estreia Fabiana
Dia 26 de março
Às 19h
Duração: 120 minutos
Sala Itaú Cultural (piso térreo)
Classificação indicativa: 12 anos
Entrada gratuita
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