Quando se discute a união entre pessoas do mesmo sexo, a criação de filhos é uma das questões centrais. Ao invés de investigar o que o fato de ter dois pais (ou duas mães) pode mudar na vida da criança, como geralmente se faz, um grupo de pesquisadores fez o caminho inverso: analisou o impacto dos filhos na vida do casal.
“Quando parceiros do mesmo sexo se tornam pais, eles passam a focar bastante nas crianças e têm menos tempo para conversar e menos desejo sexual”, conta o professor de estudos sexuais Colleen Hoff, da Universidade Estadual de São Francisco (EUA). “Eles passam por mudanças muito parecidas com aquelas vividas por casais heterossexuais”.
O estudo mostrou que, embora a paternidade tenha diminuído a satisfação sexual, a maioria dos casais não deixou que isso prejudicasse o relacionamento como um todo. Outra conclusão foi a de que a chegada de filhos não alterou o “acordo” feito previamente: relacionamentos abertos continuaram abertos, e relacionamentos monogâmicos também não mudaram.
A equipe liderada por Hoff entrevistou 48 casais homossexuais masculinos que tinham filhos. De acordo com os depoimentos, a paternidade pode reforçar o relacionamento.
“Isso nos aproximou. Temos um objetivo em comum, e agora temos essas duas ‘pequenas pessoas’ que são mais importantes para nós do que nós mesmos. Isso reforçou nosso vínculo”, disse um participante de 46 anos.
Outro pai que participou do estudo, de 54 anos, contou que passou a respeitar ainda mais seu parceiro depois que os filhos chegaram. “Eu acredito que a experiência de ter filhos nos leva a desenvolver partes de nós que, de outra forma, nós sequer veríamos”, contou.
Esse reforço emocional veio com uma ressalva, pois as exigências da paternidade em geral diminuíram a intensidade da vida sexual dos casais.
“É quase como se tivéssemos que agendar”, relata um participante de 30 anos. “Já não é espontâneo como costumava ser. Parece ‘estruturado’ e se tornou muito infrequente”.
Tal situação foi relatada tanto por casais monogâmicos quanto por aqueles que têm um “relacionamento aberto”.
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