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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Aluno da UFG diz que apanhou de colegas portugueses por ser gay


Um estudante de 21 anos que cursa o 3º período de Ciências Contábeis na Universidade Federal (UFG) denuncia que foi espancado por quatro alunos portugueses que fazem intercâmbio na instituição. O fato, segundo ele, aconteceu no último sábado (2), na Casa do Estudante Universitário (CEU), uma espécie de república mantida pela própria faculdade, na Vila Itatiaia, em Goiânia. Segundo o jovem, a agressão aconteceu pelo fato dele ser homossexual assumido. “Não tenho dúvida de que me bateram por causa disso”, disse o rapaz, que registrou uma ocorrência no 25º Distrito de Polícia e vai processar os suspeitos.
 
O jovem, que não quis se identificar, contou ao G1 que, por volta das 5h30 de sábado, ele foi ao banheiro – comum a todos os estudantes do CEU – para tomar banho. Um dos alunos portugueses, afirma, entrou no local gritando que aquele “não era banheiro de mulherzinha e sim de homem”. Começou a esmurrar o box onde ele estava e com as pancadas, um pedaço da porta se soltou e atingiu o rapaz. Ele diz que colocou uma toalha e, quando saiu, começou a levar socos e chutes na região do peito.
 
Outros alunos ouviram o barulho, entraram no banheiro e conseguiram apaziguar a situação. O estudante relata que, então, voltou ao banho, mas poucos minutos depois, outros três rapazes, também portugueses, voltaram ao banheiro. Um deles deu socos e pontapés no rapaz. Novamente, outros alunos intervieram e acabaram com a briga. O jovem afirmou que todos estavam “visivelmente alterados”.
 
A advogada do jovem, Chyntia Barcellos, informou ao G1 que espera o resultado do exame de corpo de delito feito nesta quinta-feira (7) para que a polícia possa intimar os suspeitos de terem cometido a agressão. Ela fala que o espancamento causou revolta entre os colegas da faculdade. “Eles realizaram uma manifestação para pedir que os culpados fossem punidos”, conta. A advogada entrou com um processo por lesão corporal e danos morais.
 
Medo
 
Desde o dia em que a agressão ocorreu, o rapaz não vai as aulas, com medo de que as agressões se repitam. “Só volto quando me sentir protegido”, disse o jovem, que preferiu não mostrar as lesões que teria sofrido. O estudante também deixou temporariamente de morar no CEU e está na casa de amigos, enquanto o caso não se resolve.
 
O rapaz disse que nunca havia passado por qualquer tipo de constrangimento ou preconceito pelo fato de ser homossexual. Segundo ele, a mãe, que mora na Bahia, e o pai, residente em Leopoldo de Bulhões, cidade goiana a 56 km de Goiânia, ficaram revoltados com o que aconteceu.
 
O estudante disse que os quatro portugueses deixaram o CEU na quarta-feira (6) e foram para um apartamento. O visto de estudo deles, segundo a vítima, termina no próximo dia 17.
 
Em nota, a UFG disse que já avisou ao Instituto Politécnico de Bragança, em Portugal, onde os suspeitos estudam, sobre o caso. A universidade informou ainda que foi aberto um processo administrativo para apurar o caso, que também será investigado pela polícia.

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