Desde o início da escravidão com nosso ancestrais sendo
tirados de suas terras e famílias, é travada uma luta árdua e cansativa parra
manter vivo nossos valores culturais e nossas tradições.
Essa cultura trazida com os escravos trazidos ao Brasil de
diversas regiões da África.
Com o passar do tempo foi inevitável que as relações sociais
entre os diferentes povos, tornassem o Brasil um pais multicultural.
Pode se dizer que o povo brasileiro é basicamente fruto da
miscigenação e da mistura da cultura africana, com a europeia e com a indígena.
O povo africano nos trouxe uma rica e milenar cultura, que
até os dias de hoje se reflete em nossa sociedade. A influência é notória, por
exemplo, na dança, na música, nas religiões de origem africana, na capoeira
etc.
Toda essa mistura por séculos gerou uma cultura e arte afro-brasileira característica de do nosso país rico em diversidade.
Ritmos e danças
O Samba
A Capoeira
A capoeira é uma mistura de luta, dança e música. Foi inventada por escravos africanos, o que pode ser percebido pelos instrumentos (tambor e berimbau), pelos ritmos, pelas letras das canções, pela formação em roda e pelos passos de dança. Há, atualmente, dois gêneros: capoeira angola e regional.
Na capoeira regional, o “jogo” (luta) entre duas pessoas
acontece em uma roda, na qual todos cantam. Os adversários dão golpes com as
pernas, a cabeça, as mãos, os cotovelos e os joelhos. O objetivo principal, no
entanto, não é atingir o oponente, mas sim demonstrar a superioridade em termos
de habilidade. Costuma-se simular os golpes sem completá-los.
Hoje, a capoeira é praticada por mais de 10 milhões de
pessoas em centenas de países do mundo. Ela é considerada um patrimônio
histórico nacional.
O coco de roda
Dentre tantos sons distintos, alguns se originaram da
mistura entre as etnias do Brasil, como é o caso do coco de roda, do jongo e do
lundu.
O coco de roda tem origem incerta, porém dentre os estados
que se encontram como prováveis berços deste ritmo estão Alagoas, Pernambuco e
Paraíba. Caracterizado pelo seu estilo particular de dança, o coco de roda pode
ser praticado em duplas ou fileiras. A influência africana e indígena tornou o
coco um folguedo popular, com letras de músicas que falam sobre a natureza e a
vida cotidiana.
As canções são acompanhadas por instrumentos de percussão
como o pandeiro, o ganzá e o surdo, e uma marcação realizada pela batida
ritmada das palmas das mãos. A cantora pernambucana Selma do Coco e o grupo
Coco Raízes de Arcoverde são referências deste ritmo.
O jongo e Caxamgu
De origem africana, o jongo é um ritmo que influenciou
diretamente o surgimento do samba carioca.
Trazido pelos escravos africanos, o jongo brasileiro tem
características que variam de região para região. Apesar disso, a maior parte
das canções evoca as crenças africanas, de modo que explora contextos
religiosos e místicos.
O canto é acompanhado de pandeiro, viola, tambores e
berimbau. Por sua vez, a dança evolui como um tipo de jogo em que são feitos
desafios entre os jongueiros.
O lundu
Como um ritmo afro-brasileiro, o lundu é uma dança sensual.
Criado a partir do batuque dos africanos mesclado com alguns ritmos
portugueses, o lundu se desenvolve com movimentos ondulares e é executado por
flautas, tambores e alguns instrumentos de cordas, como o bandolim, quase
sempre ignorando o canto.
Com seu caráter jocoso e sensual, o lundu foi um dos
primeiros ritmos aceitos pelos europeus que viviam no Brasil, tanto que
chegaram até mesmo a produzir alguns festivais no século XIX. Com o tempo, a
dança e a música receberam adaptações, o que levou ao surgimento de outros
ritmos, como o maxixe, que, segundo especialistas, deu origem a um terceiro
ritmo, o samba, no século XX.
O lundu, com algumas modificações, ainda é praticado em
algumas regiões do país, como no Pará, onde recebeu o nome de lundu marajoara,
por ter sua origem na ilha de Marajó.
Enfim, são muitos os ritmos brasileiros e, como toda
manifestação artística, a música se adapta às mudanças da sociedade. São essas
mudanças que revigoram e transformam a cultura do Brasil em uma das mais
originais do planeta.
Religião
Candomblé e umbanda são duas das religiões denominadas
afro-brasileiras. Ambas têm como característica a organização em pequenos
grupos que se reúnem em tomo de um pai ou uma mãe-de-santo, em espaços
conhecidos por terreiros. Apesar da origem africana e de algumas semelhanças
nos cultos, são duas religiões diferentes.
O candomblé chegou ao Brasil com o tráfico de escravos
negros iorubá vindos da Nigéria; jejes, da costa de Daomé; e bantos, do
sudoeste africano, entre os séculos XVI e XIX. A religião está ligada a
elementos da natureza que são representados por divindades, os orixás, que têm
cada um deles o seu dia, a sua cor, a sua comida e as saudações específicas.
Considerado bruxaria, o candomblé sofreu com a perseguição
da polícia e dos portugueses. Para escapar da pressão dos colonizadores, seus
adeptos passaram a associar os orixás a santos católicos. O candomblé
estabeleceu-se primeiro na Bahia e de lá se disseminou por todo o país.
A umbanda é mais recente, tem origem no Rio de janeiro e as
primeiras manifestações datam da década de 1920. Ela incorporou rituais do
candomblé, do catolicismo e também do espiritismo kardecista, e por isso é
considerada uma religião popular e mais brasileira.
Na umbanda, os orixás têm papel de destaque assim como no
candomblé, e algumas saudações e práticas religiosas são parecidas, mas nela
prevalecem as entidades espirituais chamadas guias, que se comunicam, como
pombajiras, caboclos e pretos-velhos, por meio dos médiuns.
Linguagem
Sem dúvida, a língua portuguesa recebeu enorme influência
das línguas africanas. As línguas angolanas de origem banta (quicongo,
quimbundo e umbundo) foram as que mais influenciaram o linguajar brasileiro,
pois milhões de escravos vieram da região de Angola.
Algumas palavras de origem banta: bunda, caçula, cachaça,
cochilar, marimbondo, moleque, quindim, quilombo, quitanda, samba, sunga e
xingar. tam-ém foram importantes as línguas faladas pelos ewe-fon (ou
mina-jeje) em Minas Gerais e pelos nagô-iorubás na Bahia.
Segundo alguns linguistas, a diferença de pronúncia entre o
português falado no Brasil e em Portugal deve-se ao processo de africanização e
indigenização da língua falada aqui. Vale notar que, apesar do processo de
interação linguística, a língua portuguesa falada pelo colonizador prevaleceu
sobre os dialetos africanos e indígenas.
Culinária
Os escravos não tinham como reproduzir no Brasil os mesmos
hábitos alimentares que possuíam na África. Por isso, incorporaram muitos
alimentos e práticas já existentes, o que possibilitou a invenção de inúmeros
pratos. Mesmo assim, eles mantiveram alguns dos seus antigos costumes, como a
intensa utilização da pimenta vermelha, do azeite de dendê e do quiabo.
Após a abolição, as comunidades afro-brasileiras mantiveram
sua criatividade. Na Bahia, pratos como vatapá, sarapatel, moqueca, bobó e
acarajé foram criados dentro da tradição culinária afro. Algumas receitas,
inclusive, faziam parte de cerimônias do candomblé.
Hoje o ofício das baianas do acarajé da Bahia é considerado
patrimônio nacional devido à sua importância para a cultura brasileira. Sobre a
feijoada, acredita-se que tenha sido inventada pelos escravos. Há, no entanto,
pesquisadores que discordam dessa versão, pois sabe-se que o prato também era apreciado
pela elite.
Bonecas abayomi
A oralidade afro-brasileira nos conta que, na época em que
os africanos foram trazidos para o Brasil como escravos, muitas mulheres
estavam grávidas ou eram trazidas com seus filhos ainda crianças. Para trazer
alguma alegria de forma modesta durante o trajeto nos navios negreiros, as
mulheres escravizadas rasgavam suas vestes e, com nós em pequenos retalhos,
criavam bonecas para seus filhos.
As bonequinhas de pano receberam o nome de abayomi, nome de
origem africana que significa encontro precioso. Como singelos presentes, as
bonecas abayomis representam aquele, ou aquela, que traz felicidade.
Conclusão
A preservação da cultura negra significava a luta diária
pela sobrevivência. Embora ameaçados pelo cativeiro, proibidos de praticar os
seus ritos, vítimas de violência e separação física entre pessoas do mesmo
grupo familiar, eles continuaram lutando pela manutenção de seus valores
culturais.
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