Roger Cipó nasceu na periferia de Diadema e é fotógrafo,
tendo como foco de trabalho o cotidiano e as celebrações das comunidades
negras. Criou nas redes sociais a plataforma Olhar de um Cipó, em que documenta
as religiões de matriz africana. Participou do FOTORio em 2016 com a exposição
individual AFÉTO.
Irreverência é a palavra para a construção de conteúdo do
escritor, fotógrafo e influenciador digital Roger Cipó. Em sua conta no
Instagram, que já soma 110 mil seguidores, Cipó divide conteúdos em pequenos
quadros que são disponibilizados no feed, em live ou no IGTV. Nomes como
“Tindó”, referente ao aplicativo de relacionamento somado ao sobrenome do
criador, em que ele ajuda a formar casais, “Hidrata e Troca Ideia”, quando
hidrata o cabelo e a pele enquanto troca ideia sobre temas da semana com os
seguidores, são alguns dos formatos de sucesso do influenciador nas redes.
Recentemente, Roger realizou uma campanha para aumentar o número de seguidores
de outros colegas produtores de conteúdo.
“Comecei a me perguntar sobre como a fotografia foi
utilizada pelo racismo, pra manter alguns imaginários sociais e justificar o
assassinato do jovem negro pela polícia porque parece um bandido ou justificar
a violência contra as mulheres negras por causa da hipersexualização”, explica.
“Foquei nas tradições religiosas no Brasil, brutalmente impactadas pelo
racismo, demonizadas, para apresentar aspectos de humanidade, mostrando que as
pessoas são pessoas.”
Corta para 2020 e Cipó conduz um verdadeiro Namoro na TV em
suas lives no Instagram, toda sexta-feira. Parece um salto extremo de um ponto
a outro, mas há um fluxo natural que conecta tudo. O Papo Foda é um programa
feito por stories em que Roger fala de deseducação sexual. “A gente aprendeu
uma prática sexual muito voltada para o prazer do homem cis-heteronormativo,
não necessariamente está ligado ao prazer e é muito atravessado por
violências”, teoriza.
Quando a pandemia chegou, percebendo que todos que podiam
estavam em casa e grudados na internet, Cipó resolveu fazer uma transmissão ao
vivo do seu Instagram. Logo percebeu que seu público estava flertando entre si.
“A galera não tava nem entendendo o que eu estava falando, porque o cara estava
mais interessado em saber quem era a menina logo acima”, lembra. A live começou
às 11 da noite e terminou às 5 da manhã. “Virou balada!”, lembra Cipó. “No
final do dia tinha uma audiência de mil pessoas que passou a madrugada comigo e
perguntando se no dia seguinte teria de novo.”
A live recebeu o apelido de Tindó, num trocadilho com o nome
do aplicativo de relacionamentos, gerando uma parceria com o Tinder. A
transmissão teve visitas de nomes como Rodriguinho, Lázaro Ramos, Fábio Porchat
e até Conceição Evaristo, que deixou Roger completamente sem chão.
Roger estava escrevendo um livro sobre afeto e
masculinidade, que inevitavelmente mudou para abranger tais questões em tempos
de pandemia, mas sonha em lançar seu livro de fotografias sobre os terreiros
que frequentou. “Antes de mim, quem fazia isso eram homens brancos, meio National
Geographic, ‘Vamos desvendar os mistérios de um terreiro no sul da Bahia’. Isso
é só fetichização”, crava. “Só que é caro. A gente ainda não tem quem invista
200 mil reais num álbum de fotografia.”
Que tal engajar o trabalho do mano?
Siga nas redes sociais @rogercipo
Aqui um vídeo de sua participação no TEDx no youtube e
algumas fotos feitas pelo artista.
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